outubro 10, 2004

Conceitos

Conceitos
Estou mole. Tenho estado mole. É essa cidade envolta de montanhas. Altas montanhas vestidas de verde e vestidas de gente. Gente pobre, vida podre. Outro dia ela manteve contato comigo. Sua face, a mais dolorosa. Doeu num estalo, foi como um tapa na minha cara. Cara de gente tola, que só desperta quando é atingida
A visão da linha do horizonte anda meio interrompida. Meio totalmente. Não tenho ido mais à praia para me encontrar com o infinito. Não sobra tempo. Meu infinito se esgota na contagem regressiva da vida. Às vezes tudo é tão chato que perde o sentido. É quando sinto um certo medo. A vida deve ter um sentido, sim? Até ontem, antes de falar com ela, eu achava que sim e que isso valia para todos.
Meu infinito tem sido o concreto que dista da zona litorânea. Concreto abstrato, que se revela aos meus olhos por ser fruto de uma combinação de átomos e moléculas que jamais serão vistas por mim. Pode surgir a mais avançada ciência, capaz de fazer uma leitura dessas estruturas atômicas. Não creio nelas.
Sem crises, sem lágrimas e sem dramas. Talvez eu pudesse me aposentar de mim. Mas me acho ainda muito jovem para isso, apesar de reconhecer que muitos na minha mesma idade já estão aposentados há muito tempo. Ou, quem sabe, talvez seja a hora de ver nas montanhas a linha do infinito da realidade brasileira.

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