junho 25, 2005

Às claras

_300 toques_

Às claras

Ela duvidava dos ponteiros.A mulher que esperava tinha angústia nos movimentos.Pensava baixo para não acordar as lágrimas.Eram noites iluminadas.Eram as luas nas quais ele se perdia.E ela, a meia luz, ruminava as marcas de batom.Até que, o barulho bambo de chave na porta embalasse seu sono perdido.

(Priscila Coli)

junho 24, 2005

dos sons

as notas que tocavam
pendiam
como
gotas
e então, comovido pela causa
eu chorava...

da voz

balbuciava seda e rosa
e as cordas
as cordas que emitiam aquela luz
eram somente dela
só dela.

da letra

versando em verso transparente
deixando vagos
absurdos
a letra da canção dos olhos dela
eram a explicação para meu mundo.

da pele

não que fosse seda ou rosa
mas a pela se precipitava e escorria...
tipo
gota
da chuva
e ia chovendo em mim.
e eu escorria...

da boca

versando em prosa e proseando em verso
tudo o que ela dizia me deixava bastante
desconcertado
um calor me comprimia...
e colei nela um beijo falado.

das cócegas

meus dez dedos riram-se todos.
pela barriga dela caminharam contentes
por
um
momento
pensei que estava sendo conveniente.
- deixa de ser bobo!

do coração I - pré

batidas aceleradas num compasso
errado
ela vinha vindo com o vento
vendo todo meu desesperar!
batidas
tum-tum-tum
e pratos de bateria
mal sabe que me arrebataria e me faria
descarrilar

do coração II -pós

riu de mim
riram meu dedos
doeram os segredos
me pus a chorar
pinguei
feito o som
da nota
da gota
no exato instante de parar

da conclusão

virei poça; e evaporei.


(obs.: alguns efeitos de formatação não puderam ser originalmente reproduzidos pelo blogger)

junho 22, 2005

nota

Nota

Minha poesia [todas as palavras do mundo num grito só] pode ser conferida no Pessoas do Século Passado, quando ainda estava sem título - ou quase.
Deixem um "oi" pra mim no site, mesmo já tendo lido aqui? :)

Valeu.

junho 14, 2005

mensagem em palavras subliminares

mensagem em palavras subliminares

eu quero todo o tempo do mundo. quero embrulhar todo o tempo do mundo. usar uma embalagem linda... endereçar. pôr um cartão junto. escrever com a letra mais bonita do mundo o nome dele. e mostrar que eu deixei um pouquinho de mim nele quando ele, sem nem saber, deixou um pouquinho dele em mim.
preciso de todo o tempo do mundo, embrulhado pra presente. papel estridente. daqueles de abrir rasgando, cheio de felicidade...
eu sou teimosa e quero-porque-quero preparar o tempo que lhe falta numa caixinha cheia de afeto, cheia de carinho.
e dar pra ele.
segurar o embrulho do tempo, tão bonito, em minhas mãos. e ofertar-lhe. quero oferecer todo o tempo do mundo pra ele, assim de presente. eu quero que ele tenha todo o tempo do mundo. por isso é meu presente. por isso todo meu empenho nisso.
se ele tiver todo o tempo do mundo... vai poder fazer coisas que me farão feliz. vai me fazer muito feliz. vou poder provar o doce que ele é, e saborear, e saborear... que nem quando ele saboreou a forma como cheguei. ou como disse que saboreou. não importa: foi assim que ele, num instante e em algumas palavras, me fez a mulher mais feliz do mundo.
preciso dar pra ele. dar o tempo que falta, de presente. e dar-lhe um beijo risonho. um sorriso. um abraço. dar um tempo que não existe mas que paradoxalmente deixa que ele ainda seja doce. meu próprio doce.
dando um presente para fazer um presente delicioso. e me dar um presente.
parece que mais uma vez a incansável maestria egocêntrica me bate novamente. um presente pra ele, só pra me presentear.
por isso eu perco o tom, e perco o ritmo. descompasso em agudos, graves, surdos...
é isso que é o gostar. é o gostar próprio. é o se fazer sentir bem, em primeiro lugar.
me importa agora um pouco de racionalidade já que o presente em que costuro essas palavras é a impossibilidade do presente que tanto desejo dar...
um pouco mais de tempo pra que tudo na vida seja fábula. pra que eu possa escrever uma história nossa. pra que eu possa contar delírios como este.
se um dia algum panfleto perdido numa rua movimentada indicar, discreto, que há como eu comprar mais tempo - ou vender a falta dele? - eu sairei correndo
e corroendo de ansiedade.
só pra presentear. eu e ele. com tempo.
só pra eu ser feliz. eu. e ele...
mais tempo!

junho 12, 2005

sem titulo

(sem título)

cintura, uma simples gota d’água é lupa
sobre teu corpo convexo.
minha mão tateia em busca do meu elo,
meu ego perdido, distante...
no dissipado momento-instante do abrir dos olhos
eu verei refletir como num quartzo algumas cores;
culpa da incidência da luz
e da indecência de corpos e cosmos nus.
duelo de fatores.
você em corpo - não em alma - sobre lençóis,
sobre amores...
não compreende uma palavra dita, não se interessa.
não quer saber: irrita e se apressa,
graceja e sem que eu peça
pura e simples, me evita.

junho 03, 2005

[todas as palavras do mundo num grito só]
[todos os gritos do mundo numa palavra só]
[o mundo todo em gritos e palavras]
[seu nome]


gostar não foi feito pra se conjugar no silêncio,
por isso gostar é o único verbo que se propaga no vácuo.
todo mundo que gosta de alguém
precisa dizer pro alguém que gosta
e também o quanto gosta.
[quer e precisa dizer]

pois não sofre aquele ser que gosta calado?
que conjuga em silêncio?
esta é a maior prova de que gostar
é verbo especial e deve ser ouvido:
deve ser sempre vendido com amplificador embutido
no preço.