junho 14, 2005

mensagem em palavras subliminares

mensagem em palavras subliminares

eu quero todo o tempo do mundo. quero embrulhar todo o tempo do mundo. usar uma embalagem linda... endereçar. pôr um cartão junto. escrever com a letra mais bonita do mundo o nome dele. e mostrar que eu deixei um pouquinho de mim nele quando ele, sem nem saber, deixou um pouquinho dele em mim.
preciso de todo o tempo do mundo, embrulhado pra presente. papel estridente. daqueles de abrir rasgando, cheio de felicidade...
eu sou teimosa e quero-porque-quero preparar o tempo que lhe falta numa caixinha cheia de afeto, cheia de carinho.
e dar pra ele.
segurar o embrulho do tempo, tão bonito, em minhas mãos. e ofertar-lhe. quero oferecer todo o tempo do mundo pra ele, assim de presente. eu quero que ele tenha todo o tempo do mundo. por isso é meu presente. por isso todo meu empenho nisso.
se ele tiver todo o tempo do mundo... vai poder fazer coisas que me farão feliz. vai me fazer muito feliz. vou poder provar o doce que ele é, e saborear, e saborear... que nem quando ele saboreou a forma como cheguei. ou como disse que saboreou. não importa: foi assim que ele, num instante e em algumas palavras, me fez a mulher mais feliz do mundo.
preciso dar pra ele. dar o tempo que falta, de presente. e dar-lhe um beijo risonho. um sorriso. um abraço. dar um tempo que não existe mas que paradoxalmente deixa que ele ainda seja doce. meu próprio doce.
dando um presente para fazer um presente delicioso. e me dar um presente.
parece que mais uma vez a incansável maestria egocêntrica me bate novamente. um presente pra ele, só pra me presentear.
por isso eu perco o tom, e perco o ritmo. descompasso em agudos, graves, surdos...
é isso que é o gostar. é o gostar próprio. é o se fazer sentir bem, em primeiro lugar.
me importa agora um pouco de racionalidade já que o presente em que costuro essas palavras é a impossibilidade do presente que tanto desejo dar...
um pouco mais de tempo pra que tudo na vida seja fábula. pra que eu possa escrever uma história nossa. pra que eu possa contar delírios como este.
se um dia algum panfleto perdido numa rua movimentada indicar, discreto, que há como eu comprar mais tempo - ou vender a falta dele? - eu sairei correndo
e corroendo de ansiedade.
só pra presentear. eu e ele. com tempo.
só pra eu ser feliz. eu. e ele...
mais tempo!

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