dezembro 21, 2008

Sobre o estar

Terça – feira, 14:26, sala, cheiro de almoço fazendo. Uma mulher e seu casulo.

A foto estava prestes a falar, e eu que observava estava quase chorando. A foto me surpreendia e me amedrontava aos poucos. Era torturante estar ali de pé fotografando aquela imagem, mas revê-la me fazia um estranho bem. Ela me olhava tão profundamente que quase me subtraia. E eu não queria olhar, mas os olhos de mar me puxavam e me colocavam na tempestade. Tempestade da qual eu fugia tanto. E era tanto medo que eu quase chorava...tão viva! Os olhos lhe saltavam, e saltava mais que o olhar, saltavam sentimentos e passado. Saltava a realidade e aquilo tudo de que eu tinha tanto medo. Mas a imagem também tinha medo. Aquele medo antigo, medo do mundo. Medo que os olhos não escondem. Os olhos tristes me diziam coisas que eu não queria ouvir, por isso esquecia a foto num canto. Mas, contrariando minhas mentiras, naquele canto a foto era verdade. A foto respirava e era frágil. Tão frágil que me dava medo, e eu quase chorava.

2 comentários:

Bruna Maria disse...

Pri! Você é surpreendente; quando penso que não há mais como ficar melhor, vem você e me prova que sim, há como brilhar ainda mais. ADOREI esse texto. Justo, na medida, cada palavra necessariamente posta, formando uma potência de sentidos e sensações que me pegaram de jeito.
Esse medo, que atrai, que chama o olhar e que chama o choro, quantas vezes não sentimos? E, como bem você demonstra, às vezes isso vem detonado por algo aparentemente simples, uma fotografia, por exemplo.

Espero que 2009 venha carregado de palavras da senhorita!

Beijos e admiração sempre! :)

Priscila Coli disse...

Ai, Brunei!!!
Assim eu fico vermelhaaaaaaaa!!!
Estou muito, muito, muito, muito feliz com seu comentário! Sabe que a sua opnião para moi é ultra válida!
Obrigada por todo o apoio!!!

Bjossssssssssssssssssssssss

P.S.:Depois do Ano Novo temos que marcar uma síada ciltural!