setembro 25, 2004

Parindo obras

Parindo obras
Preciso respirar.Há muito tempo não sinto essa tênue sensação.Frescor interno!Esse acalanto que unta meu ser faz florescer a criação e não o criador o qual se torna coadjuvante.Mas, como numa relação de amor materno, não se importa em dar a cena para que seja roubada infurtuosamente.
Sinto-me agraciada com tal divina obra.Causo espanto ao contar tais reações.Tantos gostariam de estar no palco, ganhar aplausos de reconhecimento.Porém quando se cria não se pensa em si, começa a dar-se por completo.Já não se denomina indivíduo.E se por um lado se é intransitivo por outro se sente completo.
Como em um parto normal, nasce da angústia dolorosa um pequeno ser.Miúda vida singular, que é livre.Livre porque ao ser visto por outros olhos ganha diferente vulto e sina ímpar ao esperado.
Desenvolve-se, cresce, como se estivesse em sua essência viver tudo que tinha para viver.Predestinado.Recolhe pela vida palpites, opiniões, histórias, dores, lagrimas e sorrisos.Após elevada carga emocional,se concretiza.Se firma fincando raízes fortes que apesar de várias interpretações tem um sentido primo.
O autor se vai, mas me utilizo de um lugar comum, para falar que seu trabalho permanece.Talvez sejam invertidos os objetivos, todavia a cada época se eterniza acarretando múltiplos efeitos ao seu redor.Cativa, molda e assim gera descendentes que lhe conferem continuidade eterna.
(Priscila Coli,20/09/04)

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