março 06, 2005

Entrelinhas

“E se acabou no chão feito um pacote bêbado”
/Caiu sem romantismo.Caiu rápido.Caiu como estrela morrendo.Brilhou depois do fim.Quebrou o asfalto com seu corpo duro.Pos em prática princípios físicos e matemáticos.Morreu com medo.Morreu vazio.Morreu assim.Por milésimos ofuscou o transito caótico.Por milésimos deram-lhe atenção pessoas que seguiam seus caminhos.Pessoas curiosas.Pessoas cujas vidas não se entrelaçam.Não que se importassem.Não que lhes provocasse lágrimas.Mas, era feio.Era em meio.Era estorvo.Assim, acumulava gente.Formava fila.Visão faminta querendo enxergar de perto mais uma tragédia.Cotidiana.Similar.Os mesmos finais combinados com a variação limitada de causas iguais. As mesmas frases de depois.São as almas de sempre vendo a pessoa de nunca.Só o tempo que passa não observa, mas leva o espanto dos olhos adestrados.Pernas caminham novamente.É mais um indigente.É mais um corpo só.Que não virou novela.Não virou reportagem.Virou estatística.Virou música.Virou banal./
“Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado”

(Priscila Coli)

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